sábado, 7 de junho de 2014

"Releituras"


Quem nunca viveu um grande amor? 
Quem nunca sofreu por amor? 
Quem nunca amou?

O dueto Romeu e Julieta tornou-se famoso pelas palavras de William Shakespeare. Porém, poucos sabem, que a verdadeira origem deste romance avassalador data de 1510/60, quando Matteo Bandello, poeta e bispo italiano – protegido de Henrique II (rei da França) – tornou públicas suas 214 Novelas. Em 1562, prestando uma homenagem póstuma, Arthur Brooke traduz o poema original para a língua inglesa e o publica sob o nome de 'A Trágica História de Romeu e Julieta'. William Shakespeare, por sua vez, tem seu primeiro contato com o texto original somente em 1591. Nos primórdios de sua carreira literária, o escritor levou quatro anos para reescrever a história, dando destaque aos personagens secundários – Mercúrio e Páris – no intuito de expandir o enredo.
Romeu e Julieta pertence a uma tradição de romances trágicos que remonta à antiguidade. Da mesma forma, "romeu e julieta" pertence a uma relação amorosa e, por vezes antagônica, da cultura gastronômica brasileira.  Queijo e goiabada advêm de modos de fazer portugueses. O rapaz surge numa tentativa de reprodução de queijos de cabra tão comuns naquele país. Já a moça, aparece pela substituição de uma fruta na produção de compotas. Ambos caíram no gosto popular, sendo prontamente aceitos pela realeza e por seus vassalos. 
Partindo de uma proposta de releitura contemporânea a partir de um tradicionalismo brasileiro, surge Shakespeare em IV ATOS. Trata-se de um deleite aos sentidos a ser degustado em quatro etapas.
I ATO – doce de goiaba em calda, acompanhado de creme de queijo azedo e ornamentado por um delicado tuile de parmesão - representa o momento em que Romeu entra na vida de Julieta. Desde sempre, tornam-se complementares e inseparáveis.  

No II ATO – mini bolo de queijo com calda de goiabada cascão - Julieta envolve seu amado com todo o seu brilho e sua doçura, permanecendo, todo o resto, a cargo do cupido.

Originários de famílias rivais, o  III ATO – cheesecake invertido de goiaba com cookie de castanha de caju, recoberto por catupiry e chocolate branco - é uma representação da tentativa de afasta-los e de fazer sucumbir o amor. Julieta, oprimida, aparece sob a influência de sua família. Acima deles, está Romeu, ornamentado por rosas vermelhas, símbolos da paixão e do amor verdadeiro.

Por fim, o IV ATO – lágrima de queijo brie acompanhada de brigadeiro gourmet de goiaba - representa o fim trágico de um amor avassalador. Triste, Romeu chora ao despertar e perceber Julieta já póstuma sobre si. Tomado por um arrebatador desespero, nenhuma opção lhe resta a não ser a tentativa de reencontro. 

Para aqueles que responderam de forma negativa às indagações que iniciam o presente texto, ambos - Romeu e Julieta - sucumbem à morte. Para os demais, que tiveram lembranças despertas em um imaginário longínquo, a narrativa foi apenas uma passagem, uma etapa, uma busca para se viver um grande amor...

Priscilla Sarah...aprendiz de cozinheira e eterna apaixonada!

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