Quem nunca viveu um grande amor?
Quem
nunca sofreu por amor?
Quem nunca amou?
O dueto Romeu e Julieta tornou-se famoso
pelas palavras de William Shakespeare. Porém, poucos sabem, que a verdadeira
origem deste romance avassalador data de 1510/60, quando Matteo Bandello, poeta
e bispo italiano – protegido de Henrique II (rei da França) – tornou públicas
suas 214 Novelas. Em 1562, prestando uma homenagem póstuma, Arthur Brooke traduz
o poema original para a língua inglesa e o publica sob o nome de 'A Trágica
História de Romeu e Julieta'. William Shakespeare, por sua vez, tem
seu primeiro contato com o texto original somente em 1591. Nos primórdios de
sua carreira literária, o escritor levou quatro anos para reescrever a história,
dando destaque aos personagens secundários – Mercúrio e Páris – no intuito de expandir
o enredo.
Romeu e Julieta pertence a
uma tradição de romances trágicos que remonta à antiguidade. Da mesma forma, "romeu e julieta" pertence a uma relação amorosa e, por vezes
antagônica, da cultura gastronômica brasileira. Queijo e goiabada advêm de modos de fazer portugueses. O rapaz surge numa tentativa de reprodução de queijos de cabra tão comuns naquele país. Já a moça, aparece pela substituição de uma fruta na produção de compotas. Ambos caíram no gosto popular, sendo prontamente aceitos pela realeza e por seus vassalos.
Partindo de uma proposta de releitura contemporânea a partir de um tradicionalismo brasileiro, surge Shakespeare em IV ATOS. Trata-se de um deleite aos sentidos a ser
degustado em quatro etapas.
O I ATO – doce de goiaba em calda, acompanhado de creme
de queijo azedo e ornamentado por um delicado tuile de parmesão - representa o momento em que Romeu entra na vida de Julieta. Desde sempre, tornam-se complementares e inseparáveis.
No II ATO – mini bolo de queijo com calda de goiabada
cascão - Julieta envolve seu amado com todo o seu brilho e sua doçura, permanecendo, todo o resto, a cargo do cupido.
Originários de famílias rivais, o III ATO – cheesecake invertido de goiaba com cookie de
castanha de caju, recoberto por catupiry e chocolate branco - é uma representação da tentativa de afasta-los e de fazer sucumbir o amor. Julieta, oprimida, aparece sob a influência de sua família. Acima deles, está Romeu, ornamentado por rosas vermelhas, símbolos da paixão e do amor verdadeiro.
Por fim, o IV ATO – lágrima de queijo brie acompanhada de
brigadeiro gourmet de goiaba - representa o fim trágico de um amor avassalador. Triste, Romeu chora ao despertar e perceber Julieta já póstuma sobre si. Tomado por um arrebatador desespero, nenhuma opção lhe resta a não ser a tentativa de reencontro.
Para aqueles que responderam de forma negativa às indagações que iniciam o presente texto, ambos - Romeu e Julieta - sucumbem à morte. Para os demais, que tiveram lembranças despertas em um imaginário longínquo, a narrativa foi apenas uma passagem, uma etapa, uma busca para se viver um grande amor...
Priscilla Sarah...aprendiz de cozinheira e eterna apaixonada!